sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Super-Maratona dos Nanotubos de Carbono - Parte 5

Os Nanotubos de Carbono e o Meio-Ambiente

 

 

Uma pesquisa, publicada na revista Nanotechnology, alerta para os riscos ambientais inerentes aos processos de fabricação dos nanotubos de carbono, que ainda estão sendo desenvolvidos, sendo muito difícil produzí-los de maneira uniforme e em grandes quantidades.
Ao estudar o impacto dos nanotubos de carbono sobre o meio ambiente, pesquisadores do Instituto Oceanográfico Woods Hole, nos Estados Unidos, descobriram também que os diversos processos de fabricação dos nanotubos de carbono produzem uma grande variedade de "assinaturas químicas," tornando difícil monitorar seu caminho nos diversos ecossistemas, a fim de se mensurar sua ecotoxicidade.
A pesquisadora Desirée Plata já havia conduzido uma pesquisa que demonstrou que alguns processos sintéticos para a fabricação dos nanotubos também produzem compostos causadores de câncer.
Agora o grupo de pesquisadores foi além, analisando 10 técnicas de fabricação diferentes, utilizadas na fabricação de nanotubos de carbono disponíveis comercialmente.
"Nós queremos trabalhar proativamente com a indústria de nanotubos de carbono para evitar a repetição de erros ambientais do passado," diz Plata, referindo-se a casos como do DDT, dos CFCs, PCB, MBTE e uma verdadeira salada de compostos químicos inicialmente muito úteis, mas que acabaram por causar enormes problemas ambientais e de saúde humana. "Ao invés de reagir a problemas, nós esperamos poder evitá-los," diz ela.
Mesmo sendo feitos de carbono, os nanotubos necessitam de uma grande variedade de compostos químicos em sua produção, sendo a CVD a técnica mais comum de fabricação (técnica comentada na “Parte 1” desta postagem).
Nenhum dos diversos métodos têm nada de ambientalmente correto pois, produzem uma quantidade considerável de "nanolixo", na forma de particulado de carbono encapsulando moléculas dos metais utilizados como catalisadores.
Entre os diversos poluentes verificados incluem refrigerantes à base de freon, o éter metil t- butil - MTBE (um aditivo da gasolina), substâncias antichama como os eteres difenil-polibrominados (PBDE) e o surfactante sulfanato de perfluoroctano (PFO). Foram encontrados nada menos do que 15 hidrocarbonos aromáticos, dos quais quatro diferentes tipos de hidrocarbono aromáticos policíclicos, sendo o mais perigoso deles o benzo[a]pireno, um conhecido cancerígeno. Sendo assim, é essencial saber como distinguir os subprodutos uns dos outros, para que uma indústria não passe a responsabilidade de eventuais problemas futuras para as outras.
Estudos feitos por outros cientistas demonstraram que os nanotubos de carbono podem danificar os pulmões de ratos, mas os riscos exatos para a saúde humana ainda não são conhecidos. Menos ainda se sabe sobre os efeitos potenciais dos sub-produtos e rejeitos derivados de seu processo de fabricação.
A principal recomendação do estudo é o desenvolvimento de filtros industriais adequados para se evitar que esses produtos cheguem ao meio-ambiente. Outra possibilidade é o desenvolvimento de novas formas de se fabricar os nanotubos de carbono, processos que gerem menos toxinas, assim como a pesquisa físico Joner Oliveira Alves, da USP, que utiliza o bagaço da cana-de-açúcar para fabricação dos nanotubos de carbono, também comentada na “Parte 1” desta postagem.
Os pesquisadores ressaltam que não estão buscando confronto com a indústria, mas uma cooperação proativa. "Eu não estou tentando colocar essas empresas fora do negócio; eu estou tentando ajudá-las a chegar a um ponto no qual seus investimentos se paguem. Nós queremos simplesmente maximizar os benefícios e minimizar os danos para todos - para a indústria e para o público," diz o Dr. Gschwend, um dos líderes da pesquisa.

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